A composição de espécies e a distribuição vertical das comunidades de macroalgas associadas às espécies arbóreas de manguezais do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, estado de São Paulo (25°03'S e 47°55'W), Brasil, foram analisadas bimestralmente. As comunidades de macroalgas dos manguezais dos rios Perequê e Sítio Grande apresentaram 10 e 18 táxons, respectivamente. Bostrychia radicans (Mont.) Mont. e B. calliptera (Mont.) Mont. foram os táxons predominantes, presentes durante quase todo o ano e em todos os locais estudados. A composição em espécies das comunidades de macroalgas dos dois manguezais apresentaram variações temporal e espacial relacionadas aos fatores ambientais. O maior número de táxons foi observado durante os meses mais frios e secos, coincidentes com as maiores médias das marés de quadratura e curtos períodos de emersão (abril a agosto). Algumas macroalgas, tais como B. calliptera, Rhizoclonium spp., Caloglossa spp., e Boodleopsis pusilla (Collins) W. Taylor, Joly et Bernatowicz apresentaram um alto grau de tolerância à dessecação, com períodos de emersão contínua de até seis dias. As variações espaciais na composição em espécies foram relacionadas à luz, como observadas em Catenella caespitosa (Withering) L. Irvine, encontrada em locais muito iluminados. Não foi observado um padrão de zonação vertical, uma vez que Rhizoclonium spp., B. radicans, e B. calliptera estavam distribuídas em toda a extensão analisada. As variações na amplitude da distribuição vertical das macroalgas do manguezal do Perequê foram relacionadas principalmente aos níveis de marés (média das marés de sizígia e de quadratura), enquanto que as variações observadas no manguezal do Sítio Grande foram relacionadas à salinidade, exceto para B. calliptera e Caloglossa spp., cujas distribuições foram relacionadas aos níveis de marés e à alta irradiância, respectivamente.

Temporal and spatial variations in species composition and vertical distribution of macroalgal communities growing on mangrove trees were analyzed bimonthly in the Ilha do Cardoso State Park, São Paulo state (25°03'S and 47°55'W), Southeastern Brazil. The macroalgal communities from mangroves of Perequê and Sítio Grande rivers comprised 10 and 18 taxa respectively. Bostrychia radicans (Mont.) Mont. and B. calliptera (Mont.) Mont. were the predominant taxa, present almost throughout the year and in all the sites studied. The species composition of macroalgal communities from both mangroves presented temporal and spatial variations related to environmental factors. The highest number of taxa was observed during colder, drier months, coinciding with the highest means of high water neap and short periods of continuous emersion (April to August). Some mangrove algae such as B. calliptera, Rhizoclonium spp., Caloglossa spp., and Boodleopsis pusilla (Collins) W. Taylor, Joly et Bernatowicz showed a high degree of tolerance to desiccation, being able to tolerate continuous emersion up to six days. The spatial variations in species composition were related to light, as observed in Catenella caespitosa (Withering) L. Irvine, which occurred in well-lit sites. No pattern of vertical zonation was observed, since Rhizoclonium spp., B. radicans, and B. calliptera occur over the entire vertical range. Variations in the range of vertical distribution of macroalgae of Perequê mangrove were mainly related to the variations in the tidal levels (mean high water neap and/or mean high water spring) while those observed in Sítio Grande mangrove were related to salinity variations, except for B. calliptera and Caloglossa spp. related to tidal levels and high irradiance, respectively.

(Algas verdes monostromáticas (Ulvales, Chlorophyta) dos estados de São Paulo e Paraná (Brasil): distribuição, crescimento e reprodução). Estudos em cultura foram usados para identificação de táxons e elucidação de aspectos da biologia e fisiologia de clorofíceas monostromáticas que crescem em vários locais ao longo da costa do estado de São Paulo (23°30'-25°12'S, 45ºl0'-48°W) e em um local no estado do Paraná (25°35'S, 48°21'W), regiões sudeste e sul do Brasil, respectivamente. Possíveis variações na taxa de crescimento, idade de reprodução e histórico de vida foram testadas sob diferentes condições de temperatura, salinidade e comprimento do dia. Foram encontradas duas espécies: Ulvaria oxysperma (Kützing) Bliding e Monostroma sp.. A primeira foi anteriormente reportada para muitos estuários temperados e tropicais, em vários países. Lâminas verdes monostromáticas com a mesma ontogenia e histórico de vida de Monostroma sp. foram reportadas até agora apenas para a costa tropical do Brasil. As espécies são distintas na sua ontogenia do talo (constante sob diferentes condições) e temperatura limite de sobrevivência. U. oxysperma cresce e se reproduz de l0 a 25°C e morre se mantida a 30°C; Monostroma sp. não se reproduz a 15°C e sobrevive a 30°C. As diferentes salinidades e comprimentos de dia que foram testados não tiveram efeito significante sobre nenhuma das duas espécies.

(Monostromatic green algae (Ulvales, Chlorophyta) of São Paulo and Paraná states (Brazil): distribution, growth, and reproduction). Culture studies were used for taxa identification and to understand aspects of the biology and physiology of monostromatic green blades growing in various sites along the coast of São Paulo state (23º30'-25ºl2'S, 45º10'-48ºW) and one site in Paraná state (25º35'S, 48º21'W), southeast and south Brazil, respectively. Possible variations of the growth rate, age of reproduction and life history were tested under different conditions of temperature, salinity and day length. Two species were found: Ulvaria oxysperma (Kützing) Bliding and Monostroma sp. The first one has been previously reported for many temperate and tropical estuaries around the world. Green monostromatic blades with the same life-history and ontogeny as Monostroma sp. have been reported so far only for the tropical coast of Brazil. Species are distinct in their ontogeny of the thallus (constant under different conditions) and limiting temperatures of survival. U. oxysperma grows and reproduces from 10 to 25ºC and dies when maintained at 30ºC; Monostroma sp. does not reproduce at 15ºC and survives at 30ºC. The different salinities and day lengths that were tested had no significant effect on either species.